sexta-feira, 16 de outubro de 2009

deboche

O que mais me diverte quando converso com (tantas) pessoas sobre o que é a realidade sob a perspectiva Vedanta Advaita é o olhar quase incrédulo, às vezes veladamente debochado, de quem me ouve.
Nossa máquina cerebral e psicológica tem um software escrito em código de máquina, inscrito em fogo, que pede constantemente algo em troca, um resultado. Se não houver algo ‘positivo’ em troca, não há negócio. Parece fazer sentido. É assim que tocamos todas as negociações de nossas vidas, desde pequenos.
Assim, quando confrontado com a possibilidade de não haver sentido nestas negociações, é natural que haja um desconforto.
Viver o instante presente a atuar ativamente na atmosfera do presente implica reagir ao mundo que se apresenta com a inteligência que subsiste nesta própria atmosfera deste instante.
Existe Consciência independentemente de existir uma parcela da mente que julgue estar consciente. E é a inteligência própria desta Consciência que provê os meios para que a ação se dê, naturalmente. Isto só ocorre sem a presença do “eu” que se considera possuidor da consciência.
Quem negocia? Quem quer algo em troca? Ora, este “eu” que se enxerga existindo independentemente do resto do universo, possuidor de uma consciência individual, merecedor de todos os lucros pelos quais luta tanto em todas as negociações psico-emocionais.
Assim, é natural que este”eu” fique levemente nervoso ao ouvir sobre sua imensa insignificância, perceptível ao alcance de três segundos de silêncio interior. E este leve nervosismo é traduzido ao nível consciente como um olhar incrédulo, às vezes veladamente debochado.