segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

mapa das trilhas

Em muitas conversas ouço perguntas inquietas sobre como podemos trilhar um caminho de busca verdadeira no meio de um ambiente que nos impulsiona para o lado oposto. O que é a busca na vida cotidiana, para quem não se recolheu a um mosteiro? Como não nos deixarmos levar pelo materialismo espiritual?
São questões fundamentais.

No Bhagavad Gita encontramos o seguinte:

“Seja, pois, o motivo das tuas ações e dos teus pensamentos sempre o cumprimento do dever, e faze as tuas obras sem procurares recompensa, sem te preocupares com teu sucesso ou insucesso, com teu ganho ou prejuízo pessoal. Não caias, porém, em ociosidade e inanição, como acontece facilmente com os que perderam a ilusão de esperar uma recompensa de suas ações.
Coloca-te no meio entre esses dois extremos e cumpre, em tranquila resignação, o dever por ser dever, e não pela expectativa da recompensa. Conserva ânimo igual na ventura ou desventura: assim é que faz o yogi.
Por muito importante que seja tua reta-ação, o primeiro lugar pertence sempre ao reto-pensamento. Procura, portanto, o teu refúgio na paz e calma do reto-pensar... quem atingiu a consciência de um yogi é capaz de elevar-se acima dos resultados bons e maus. Esforça-te por atingir esta consciência, porque ela é a chave que abre o mistério da ação.
Quando te tiveres elevado acima da trama das ilusões, não te inquietarás com os cuidados e questões a respeito das doutrinas, nem com disputas sobre ritos, cerimoniais e outros enfeites dispensáveis da vestimenta da idéia espiritual.
Livre serás, então, de todas as opiniões alheias, tanto das que se acham nos livros sagrados, como das dos teólogos eruditos ou dos que ousam interpretar o que não compreendem; em lugar disso, fixarás a tua mente na mais séria contemplação do espírito, e assim alcançarás a harmonia com o Eu real, que é a base de tudo.”

Este é o mapa das trilhas de busca e ação em nossas vidas. Se conseguirmos vislumbrar como verdade uma pequena parte do que está acima escrito, e procurarmos torná-la real e prática em nossas vidas, já daremos um imenso passo em nossa busca. Imersos em nossa sociedade atual – construída sobre os pilares do egoísmo, oposto infinitamente distante da harmonia da não-dualidade - por vezes nos parece quase fantasia uma proposta de vida como esta. Entretanto, é a única realidade possível aos olhos da busca com o coração.