quarta-feira, 31 de março de 2010

Grupo de Meditação Semanal

Olá amigos,

Ao longo destes últimos anos tenho convivido e conversado com um grande número de pessoas que naturalmente expressam interesse em auto-conhecimento e meditação. Em geral há uma inquietação e vontade de explorar estes caminhos, mas também aparece a necessidade de algum tipo de acompanhamento, apoio e compartilhamento.
Como vários de vocês já sabem tenho seguido um caminho de estudos com Ivan Oliveros (Sesha) há 10 anos. Sesha é um mestre vivo da tradição Vedanta Advaita, filosofia milenar de origem hindu, um caminho que busca a compreensão da realidade através do discernimento acerca do Real, e é fundamentada no conceito da não-dualidade. É uma trilha de auto-conhecimento e sabedoria, simples e direta, sem dogmas, rituais ou artifícios. (Para mais informações vejam http://www.vedantaadvaita.com/).
Assim, a partir da próxima semana (7 de abril) coordenarei um novo grupo de meditação no Instituto Brahmavidya. Este grupo de meditação terá freqüência semanal, toda 4af, 19h15 até 20h15. Dedicaremos o tempo para reflexão sobre temas específicos, prática de meditação externa e interna e compartilhamento. O grupo é aberto, não é necessária qualquer experiência anterior.
Caso conheçam pessoas interessadas por favor divulguem esta mensagem.


Segue o endereço:
Instituto Brahmavidya
Rua Indiana, n. 1403 , Brooklin (paralela à rua Pe. Antonio J. Santos)

Abraços,

sexta-feira, 5 de março de 2010

Onde está o descanso?

Tenho tido muitas conversas com tantas pessoas diferentes, muitos universos fechados em si mesmos, certos, absolutamente, de suas certezas construídas pela retórica eterna dos diálogos internos. Construções fundamentadas na retórica interna dos diálogos sem fim. Algumas perguntas - um pouco de areia na engrenagem desta máquina de conversas loucas - e um espaço quase miraculoso de compreensão se abre. Há um vislumbre de paz dinâmica neste espaço, um reflexo de luz na penumbra úmida do pensar sem fim, como uma lufada de ar que finalmente penetra aquele cômodo fechado e começa a trazer a paz do movimento para dissipar a angústia da agitação estacionada.

Nestes momentos de compreensão há uma percepção muitas vezes inédita do que é a inteligência intuitiva. E imediatamente se percebe a mente linear (manas) reacelerando as engrenagens através de um apropriar-se lógico-racional daquilo que foi gerado sem pensamento. A personalidade (“eu”) possui uma máquina de etiquetas, como aquelas de preços em supermercados, e é totalmente obcecada em etiquetar cada instante, continuamente roubando o presente – aquilo que se sucede – de nós mesmos. A presença é roubada com o desejo de resultados pelas ações praticadas, e com a sensação de posse sobre o que acontece.
Sem o presente nos habituamos a glorificar a memória, e perdemos a glória do instante. Cada etiqueta leva o nosso nome, como se pudéssemos possuir nossa própria história, como se contabilizássemos cada momento em um grande balanço contábil, naturalmente esperando algum tipo de “lucro” ao final do ciclo... vida. Da busca do benefício e da sensação de posse se alimenta o Karma, e roda do samsara (ciclo de nascimentos e mortes) segue girando.

O pequeno instante de compreensão muitas vezes engravida as pessoas de uma sensação de beco sem saída...onde está o descanso então? Se estamos vivos, em ação, o descanso está fora, na realidade, no mundo, nos objetos de percepção. E não em nossos pensamentos. Se estamos vivos, em prática de silêncio interno, o descanso está nAquilo que percebe, e não em nossos pensamentos.

O descanso nunca está em nossos pensamentos... exceto quando a realidade apresenta esta demanda. Por exemplo, quando o instante presente requer que se raciocine sobre o plano de negócios para a confecção de uma apresentação. Neste momento é válido pensar sobre o plano de negócios – e apenas sobre isto. De resto, o descanso não está na mente. Como vivemos 2/3 de nossas vidas em vigília, especialmente para os que não costumam exercitar práticas de silêncio, o descanso está sempre fora. O descanso, o oxigênio para prosseguir, está no mundo, na realidade, nos objetos, e não em nossos pensamentos, memórias, etiquetas e viagens na maionese (day-dreaming). Focalizar, momento após momento, a atenção no mundo, nos objetos, e não em nossos pensamentos, é o bálsamo para um sistema nervoso exaurido por décadas de desgaste oriundos de um pensar sem fim - tanto no sentido de propósito quanto de tempo. Este bálsamo está ao nosso alcance, ao alcance um instante.

PS: novo vídeo do Ivan aqui no blog logo acima: "Aprender a não duvidar". Vale a pena ver!