segunda-feira, 27 de abril de 2009

Retiro

De saída para o retiro com o Ivan!
Saio hoje, o ‘internado’, como eles dizem na Espanha, vai de quarta-feira a domingo.
Para quem se interessar vejam o site da Asociación Filosófica Vedanta Advaita Sesha (
http://www.vedantaadvaita.com/)
que contém informações sobre o calendário na Espanha, internados e seminários.
O cardápio inclui muitas (mesmo) práticas internas de silêncio, algumas externas (música, trilha, etc.), várias palestras - ‘charlas’- além das tradicionais sessões de perguntas. O local é muito bonito, norte da espanha, perto do Bilbao ainda no país Basco. Um monastério perto de uma minúscula vila, das janelas vemos campos e montanhas, e o ar pede recolhimento.
Vamos lá, flexibilizar um pouco mais a rigidez dos hábitos, fortalecer um pouco mais a disciplina da mente, dar um pouco mais de risada das certezas de fantoche construídas, procurar compreender um pouco mais – gotas de um mar – as palavras do Ivan, e buscar um farol na tempestade no vislumbre possível da Verdade, na experiência permitida do Real.

terça-feira, 14 de abril de 2009

yoga

Li outro dia um parágrafo que se fingia de morto em um canto de página do livro "La paradoja divina" do Sesha, um destes que eu já tinha lido várias vezes, como aquele pedaço de caminho que você acha que já conhece tão bem, e de repente te dá um tombo. Trilhava as páginas do livro no fim de semana de páscoa quando tropecei e caí nesta sutilmente transformadora visão:
"Para que algo que esteja está acontecendo no presente se converta em passado e possa ser projetado ao futuro, é preciso induzir sobre ele (este algo) apetência ao fruto e sentido de posse."
OK, vamos reler.
Para que um conteúdo, ação, emoção, que faça parte do aqui agora - isto é, que esteja sucedendo neste exato instante - seja limitado em forma de passado - seja fixado na massa mental da memória com nome e forma - e possa ser projetado ao futuro - como um pensamento no qual o ‘eu’ viaja - é requerido que o sujeito que presencia o presente diferencie, crie limites para este aqui e agora, separando-o em uma parte que é observada e diferente do sujeito que observa, e através da interpretação mental (desnecessária) encharque a realidade vivida de uma sensação de posse e de busca de fruto para si próprio. Isto cria todo o encademaneto conhecido por Karma!
Bueno, certamente ficou mais complicado.
O mais importante de tudo é: "além da mente linear a Realidade é, sempre foi, e sempre será, não-diferente, não-dual, absoluta, eterna." diz Sesha. É assim que as coisas naturalmente são. Nós é que desfiguramos a cena. É necessária uma ação (e um dispêndio de energia) para nos apropriarmos desta realidade, cortá-la em pedacinhos e nos acreditarmos reais, sujeitos separados da própria realidade que observamos e vivemos, e agentes independentes deste teatro. A Realidade sempre flui, nossa pequena mente é que sutilmente tinge e encharca o presente com as cores do ‘eu’ que necessita se crer real e separado. E consegue. Apenas para depois de muitos ciclos, finalmente, clamar pela re-união (yoga).