segunda-feira, 27 de julho de 2009

Ivan no Brasil e a tela de alerta vedanta

Como vocês certamente (!) já notaram fiz uma pequena alteração no já familiar formato deste blog. Além da seção olhos de gato aqui em cima (alto do canto direito), também inclui a figura “Tela de Alerta Vedanta” logo abaixo dos links.
Esta tela de alerta surgiu também no workshop Som do Silêncio, e foi uma invenção do Marco (valeu pela idéia e pela figura!), que resolvi compartilhar com todos.
Falávamos sobre como a prática da observação de nós mesmos - seja interna em uma prática de silêncio ou externa no nosso dia a dia - nos leva a perceber melhor os gatilhos que disparam nossos mergulhos mais intensos nas piscinas de emocionalidades e nossas ‘viagens na maionese’ mais altas e sem retorno. São os hiatos que ocorrem entre estas novelas-das-oito mentais que nos têm como atriz/ator principal que permitem que saibamos ser algo mais do que fantoches viciados em pequenas e grandes doses de nossas emoções mais habituais. Estes hiatos são momentos em que observamos a realidade, na linguagem comum “tomamos consciência do que ocorre”.
Conforme aumenta-se a freqüência com que observamos se desenvolve aos poucos a capacidade de se perceber claramente o momento em que optamos por seguir uma rota não-consciente (a novela das oito, a reação habitual e automática temperada pela roda de emoções habituais) ou uma rota consciente (abrir mão daquele ganho esperado com a emoção habitual e buscar a ação equilibrada, senão espontânea). Uma vez revelado o mecanismo básico de indução de nossos hábitos egóicos ficará cada vez mais evidente este momento em que a opção por estar presente se mostra. Esta é a tela de alerta do vedanta. É como no computador... quando você clica em um comando um pouco mais sério (hehehe) aparece esta tela: “tem certeza de que deseja prosseguir?”. Do mesmo modo a continuada busca pela compreensão de nós mesmos, o estado de alerta e presença cada vez maior, nos levam a perceber esta tela de aviso quando estamos prestes a escorregar novamente. Assim aos poucos a presença aumenta sua densidade por nós percebida e opção a opção, tela por tela, podemos optar por estar vivos e presentes.
Por falar em Presença...chegou a hora! No final de agosto Ivan estará no Brasil.
Não é uma oportunidade para se perder pessoal! Ivan (Sesha) tem uma profunda experiência de realização e é um vínculo vivo para todo o caudal de ensinamento da filosofia e prática Vedanta Advaita. Temos tido a rara oportunidade de conviver com Ivan desde 2000 no Brasil, e é muito difícil traduzir em palavras todo a aprendizado, a possibilidade de compreensão e percepção da realidade que ele, com seu jeito simples, nos traz. Este ano teremos uma palestra, um workshop de final de semana e um retiro de 5 dias (detalhes abaixo). Para aqueles que tem uma inquietude mais presente e desejam uma oportunidade de busca interna mais profunda, com o apoio próximo de um mestre, recomendo muito o retiro. É um momento especialmente adequado para calibrar as bases de sua prática pessoal, compreender certos enganos construídos pelo ego, e experimentar novas trilhas. É uma chance única de encontrar um farol, uma experiência concreta que possa ser um guia nos momentos mais difíceis em nossas vidas cotidianas. Espero vê-los em breve.

abraços

Palestra Gratuita
Dia 26/08 (quarta-feira)
Horario: 20:00h
Local: SPFit Club
R. Padre João Manoel, 903 - Jardins
Tel.: 3085.8632

Retiro:
Dias 03 a 07 de setembro (quarta a domingo)
Inicio: às 11h do dia 05/09
Término: após almoço do dia 07/09
Local: Recanto Betânia (Embu-guaçu – a 35 KM de São Paulo)
Valor: R$ 850,00
Inclui hospedagem e refeições.

Workshop
Dias 29/08 e 30/08(sábado e domingo)
Horário: 09 as 16h
Local: Instituto Brahmavidya Do Brasil
R. Indiana, 1403
Tel.:(11)5506.5220
Valor : R$ 300,00
Inclui refeição leve no almoço e coffee break

Observações:
O pagamento dos cursos poderá ser parcelado em até 3 vezes.
Workshop + Retiro para inscrições até 25/07 = R$ 1.000,00 que poderão ser pagos em 4 vezes


Informações e inscrições com:

Regina: (11) 9189-8990, (11) 3085-7101
Eloi: (11) 5506 5220, (11) 91019086
Marcos: (11) 72058391

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Van Gogh e o corredor

Uma das discussões que apareceu no workshop “O Som do Silêncio” foi sobre Van Gogh e o corredor. Neste caso não exatamente o artista e um atleta, mas sim um quadro do artista e uma passagem entre cômodos.
Imagine que você está visitando um museu e se depara de repente com um daqueles quadros do Van Gogh que parecem saltar da parede, as cores te puxam, o brilho e o movimento em um instante parecem estar dentro de você, ou você dentro da tela. A surpresa e a beleza se multiplicam para gerar um novo campo gravitacional de mentes em que o peso do seu corpo tende a zero, a percepção de distância e separatividade desaparece, e ainda assim – ou melhor, exatamente por isso – há plena consciência da realidade que se passa.
Porém logo em seguida nos distanciamos novamente do quadro, aparece uma voz que diz: “lindo este quadro, nossa, que sensação!” e pronto, o ego (personalidade) busca tomar posse de uma realidade da qual ele efetivamente não participou! Apenas o certificado de posse e o registro perfumado na memória permitirão a ilusão de que ele era testemunha daquele instante.
Então nos cansamos do quadro, e prosseguimos para o corredor. Nada de interessante em um corredor certo? O que fazemos? Sequer percebemos devidamente o corredor, apenas caminhamos mecanicamente para a próxima ala enquanto em nossa mente aparecem diversos pensamentos: “como ele conseguia pintar aquilo?”, ou “nossa como está cheio esse museu hoje”, ou “será que eles servem sanduíches na cafeteria?”, e assim por diante. Do ambiente do corredor mesmo não observamos quase nada.
Qual seria a atitude correta ao caminhar no corredor? Ora, prestar atenção ao corredor, às pessoas e ao caminhar, pois é assim que a realidade se apresentou naquele momento. Apreciar esta nova realidade com a mesma intensidade de atenção com que apreciou-se o quadro de Van Gogh!. Aí está a chave: a intensidade de atenção não deve variar por conta do interesse (gosto x não gosto, desejo x repulsa) que a realidade apresentada traz. A Realidade apresentada a cada instante é perfeita em si mesma (isto é idêntico ao “seja feita a vossa vontade”). Crer que você (!!) merecia algo diferente é a forma mais comum de ignorância, presunção e arrogância desta figura (ego) que sonha acreditar-se real.
Beleza, compreensão, amor, são alguns dos constituintes primordiais da Realidade última. Assim é natural que situações mais comumente relacionadas a estes constituintes nos aproximem desta expressão. Por isso se busca tanto hoje em dia a prática de esportes radicais por exemplo: situações extremas exigem alta intensidade de atenção, o que gera alegria, compreensão. Por isso situações “comuns” nos jogam aos devaneios. O truque está em perceber, nas situações mais intensas, quais são as chaves que nos movem a um estado de presença mais consistente, e aprender a acioná-las no restante de nosso dia a dia.
abraços

quarta-feira, 1 de julho de 2009

No centro de Mumbai

“The ultimate purpose of meditation is to reach the source of life and conscousness. Incidentally, practice of meditation affects deeply our character. We are slaves to what we do not know….Whaterver vice or weakness on ourselves we discover and understand its causes we overcome by the very knowing; the unconscious dissolves when brought into the conscious.”
Assim diz Nisargadatta, um homem simples que mantinha sua família através de uma loja de cigarros e pequenos artigos na India; um homem que encontrou seu mestre pouquíssimas vezes, mestre este que lhe disse algo muito simples: “concentre-se em ‘eu sou’, você é além do que é concebível e perceptível”. Logo depois seu mestre morreu. Ele acreditou profundamente nisto, e se entregou de coração e alma a esta busca, empregando toda sua atenção e tempo livre nesta aventura. Assim atingiu a realização em três anos. Seu livro mais famoso ( e único por ele revisado) é “I am That”, Acorn Press na edição em inglês. Há também curtos vídeos mostrando suas conversas com estudantes em uma apertada sala no centro de Mumbai (Bombaim).
Nisargadatta é uma expressão real do que é viver a vida ‘comum’ em um estado de realização profunda. Mais significativamente para nós, ele é um exemplo real de alguém que, enquanto prosseguia vivendo sua vida comum, sustentando sua família e trabalhando, se dedicava a esta busca eterna do que realmente É. Sustentar uma família na India com uma pequena loja no centro barulhento da cidade não parece o melhor meio de se praticar a meditação e a busca. Ele não teve que se tornar monge e renunciar à vida comum (ele bem que tentou ir para as florestas e cavernas, mas antes de chegar percebeu a tolice que aquilo seria). Ele não precisava de paisagens inspiradoras e roupas e adornos especiais. Ele seguiu sua vida conforme esta se apresentava, e dedicou-se sempre que possível à busca. É um exemplo claro e inspirador para todos nós que temos, sim, as restrições e obrigações da vida comum.
Não há impedimento maior que nossos próprios hábitos. Hábitos que se tornam vícios subliminares, dos quais não queremos abrir mão. A prática da meditação não tem o objetivo de transformar as pessoas, mas é o que ocorre como subproduto... como diz Nisargadatta, a consciência de nossos hábitos os leva a serem superados. Daí pode surgir a liberdade de ser e agir conforme se apresenta a vida.

Abraços,
Marcos

PS: segue lembrete do nosso workshop deste final de semana

O Som do Silêncio

Data: 4 e 5 de julho de 2009
Local: Instituto Brahmavidya
Rua Indiana nº 5
Brooklyn
Horário: 9:00h às 16:00h
Valor: R$ 250,00

Contato e informações:
Marcos Thiele: 7205-8391 / marcosthiele@yahoo.com