segunda-feira, 21 de março de 2011

O que me impede?

Existem perguntas que podem transportar, surpreender e uma delas é: onde você está agora? Esta é uma boa pergunta, como toda pergunta óbvia mas que não é. Para alguns esta pergunta é muito simples, não merece ser compreendida. Então vamos com outra: porque você não pode estar aqui agora? O que existe, dentro de você, que impede sua total presença, sua interação plena com o que se passa?
A realidade da ação, de nossa existência prática no mundo, no dia a dia, nos chama a todo e cada segundo. Entretanto todos sabemos que existem momentos de realidade em que não estamos de fato presentes, estamos em algum lugar do passado (ou a partir daí projetando o futuro). O mundo passa e nós ficamos, atados a um roteiro de dramas pessoais que a cada fase da vida fica mais e mais enrolado. Se prestarmos atenção verificaremos que estes momentos são a imensamente maior parte de nossa vida. Esta outra pergunta pode fazer sentido quando se está preso nas engrenangens das razões e das infindáveis justificativas novelescas de nossa memória personalística. É sempre um fio trançado de pensamentos emoções e desejos que nos prende às cavernas da memória enquanto a realidade passa.
Este roteiro tende a se tornar mais intenso e a requerer cada vez mais a nossa atenção no dia a dia, de modo que cada vez menos interagimos com o mundo real. De fato interagimos com nossas próprias memórias do mundo na maior parte das vezes.
Prestem atenção: o chamariz ardiloso da identidade egóica sempre aparece para nos tragar da realidade e nos mergulhar de volta às nossas confortáveis caverninhas de pensamentos. Cada vez mais aparecem menos instantes de realidade que mereçam nossa presença: ao final estamos sempre julgando que a realidade não merece nossa própria presença.
A questão é que não existe realidade melhor ou pior, realidade apropriada ou não para estarmos presentes. A realidade sempre existe, e cada realidade que nos é apresentada merece e requer nossa presença. Se a cada instante de realidade nos entregamos ao que se sucede exercitaremos o músculo do discernimento, e com o tempo, percorreremos nosso Dharma, nosso caminho verdadeiro.
Assim, quando se der conta de que para você a situação atual que está acontecendo não merece sua presença total, sua entrega ao que acontece, pergunte a você mesmo:  o que existe, dentro mim, que impede minha total presença neste momento? Você ficará surpreso com as respostas.




Abraços,
Marcos

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