segunda-feira, 24 de outubro de 2011

extra...ordinário

De volta do retiro com Ivan na Espanha. São apenas cinco dias, porém cinco não-ordinários dias. Pois estamos acostumados a viver ordinariamente, nossa rotina é por nós transformada em algo ordinário. Viver cinco dias não-ordinários implica reconhecer a redução a que nos propomos no restante 360 deles se considerarmos um ano. O que fazer, viver em retiro? Não, pois a vida nos chama para a ação (nós, aqui, com nossas responsabilidades). A resposta é transformar os outros 360 dias em não-ordinários.
Como?
Para responder vamos tratar do que é o ordinário: em nosso senso comum ordinário remete a algo que não traz novidade, algo conhecido, sem graça. E porquê nos parece este dia a dia sem graça? A graça parece estar sempre no novo, no diferente, ou na expectativa da realização futura de um super desejo. A graça parece fugir do aqui e agora, do presente.
Está aí a resposta para o extraordinário: encontrar a tênue e brilhante linha de vida em que o presente é vivido, sentido e experimentado. Quanto mais respiramos e vivemos o presente mais extraordinárias ficam as simples existências.
Sentar e praticar por cinco dias pode não parecer algo simpático e prazeiroso (e muitas vezes não é...) mas afina o senso do que é real, e dilui a percepção de concretude de um dia a dia repleto de desejos insaciáveis perdido em ilusões egóicas. Sentar e praticar pode parecer extremamente sem graça... mas aí é que está o paradoxo. A graça não pertence ao mundo da personalidade que tem opiniões, mas é característica pura daquilo que sempre existiu, daquilo que, se permitido, compreende como extraordinário o simples ato de ser, existir e saber.


Abraços,
Marcos

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