sexta-feira, 6 de junho de 2008

luzes, câmera... ação

Volta e meia me encontro conversando com estagiários, trainees, e colegas de trabalho sobre o futuro das carreiras, se o caminho está certo, e coisas do tipo. A conversa sempre toma um quase-fim quando lembro que o que importa é como você faz, e não o quê você faz. Este quase-fim em geral vem da falta de compreensão geral que nós temos sobre a ação e suas consequências. Em termos absolutos não faz diferença se trabalho em uma ONG que busca a paz no oriente médio ou se sou caixa de um banco. Simplesmente não faz diferença. Esta régua ética tem medidas enraizadas na personalidade e suas razões.
A diferença realmente está no modo como a ação é executada.
Existem dois modos de se executar incorretamente uma ação: 1) buscando que a ação me traga um benefício, um fruto (“vou ganhar algo com isso”); 2) me percebendo fazedor, sujeito, da ação (“sou eu que faço isso”). Tire estas duas condições e você terá agido de forma natural, pura, sem gerar karma.
Entretanto considere rapidamente as suas últimas 10 ações; você verá que em todas elas uma das duas condições estava presente. Ou você buscava um benefício para você mesmo com aquela ação, ou você se considera agente (fazedor) daquela ação; muito provavelmente as duas condições estiveram presentes em todas as 10 ações. Ou seja: todas elas geraram consequências, tendências, densidades de probabilidades futuras para “você”, em outras palavras, karma.
Imagine que seja possível atuar de modo natural, conforme o próprio sistema no qual você está inserido requeira a ação, nem um grama a mais, nem um milímetro a menos. Agir conforme é necessário, porque – ainda que não saiba a razão – você foi colocado naquele ambiente naquele exato momento para agir. Enquanto você age deste modo não há a sensação de estar agindo, apenas a ação acontece por si mesma. Depois que a ação ocorre, não há orgulho pelo ato. Não há com o que se apegar. É este o significado de deixar cada momento da vida nascer, mas também deixá-lo morrer. São os infinitos ciclos.Amplie um pouco este cenário: considere a possibilidade de que todos – repetindo: todos! – os instantes de sua vida foram cuidadosamente montados para que você vivesse exatamente aquela experiência. Como um presente que você recebe, uma pequena jóia na forma de uma lição aprendida, uma inspiração, uma compreensão. Muda um pouco a perspectiva de todos os nossos problemas, caminhos, “escolhas”, enfim, de todos os nossos “very limited affairs” não?

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