segunda-feira, 20 de junho de 2011

Como praticar meditação

A meditação - para se afinar o vocabulário Vedanta - é um estado de consciência. O exercício da atenção é uma prática. Descobrir o que é a atenção, como ela opera, onde ela se pousa, e, mais importante de tudo, sua fonte. Meditar, ao final, é pousar a atenção sobre ela mesma, conforme ensina Sesha. É esta a prática que requer disciplina e repetição, a sadhana fundamental.
Mas como conseguir a disciplina para efetivamente praticar? A maneira mais direta é perceber como estamos imersos e confusos em nossos interminável labirinto de pensamentos em nossa novela pessoal.E como escapar do redemoinho de pensamentos grudentos que nos puxa a cada instante? 
Para iniciar é preciso um dar-se conta de que este mundo do redemoinho existe. É preciso dar-se conta de que você é refém deste labirinto que chega sempre ao mesmo ponto. É preciso estar exausto de percorrer sempre o mesmo caminho de pensamento-emoções disparado por qualquer gatilho da realidade, aquele caminho que traz sempre o mesmo ganho emocional para uma identidade que tem como fundamento a carência (uma vez que se acredita separada do todo, daí estar sempre em estado de carência).
Para se perceber essa dinâmica-raiz é crítico desenvolvermos a capacidade de auto-observação. Observarmos a nós mesmos, observar nossos pensamentos mais usuais enquanto as situações se desenrolam. Ouvir com atenção nossos diálogos internos, o modo como falamos com nós mesmos. Anotar estes diálogos. Perceber como - em essência - se repetem dia após dia. 
Ao tomarmos consciência desta gangorra moto-quase-perpétuo produz-se  um efeito natural: a própria potência desta gangorra começa a diminuir. Começamos a perceber o funcionamento desta dinâmica enquanto ela ocorre. Aos poucos, e com o tempo, começa a surgir a possibilidade de não mais sermos reféns desta dinâmica. Percebemos quando  ela começa a operar, e podemos retornar para a realidade que se passa. Lembrem-se de que toda esta gangorra não passa de um conjunto de pensamentos; um pacote de tendências muito fortes, mas nada mais que um conjunto de pensamentos. Enquanto esta dinâmica opera não estamos presentes, não vivemos a realidade que se passa pois estamos mergulhados em nosso conjunto de pensamentos favoritos. A grande maioria de nós vive e morre dentro desta novela auto-elaborada, sem dar-se conta desta ilusão. 
Assim, ao percebermos como somos servos deste círculo exaustivo, surge a inquietação pela busca de um estado natural de viver que não seja domesticado e aprisionado. Este é o combustível da prática da atenção - a prática de estar aqui e agora. Quando pesquisamos curiosamente os rumos e os princípios da atenção em nossas experiências de viver começamos a compreender a profundidade da ignorância em que normalmente vivemos.
Nós temos a sorte, a chance e a responsabilidade de buscar uma forma consciente de viver.




Abraços,
Marcos

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