segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Quântica


Bom, já escrevi demais explicitamente sobre Vedanta Advaita, não dualidade. Vamos a uma pitada do que a física quântica pode nos trazer de reflexão.
Na mecânica quântica, entre outros absurdos ao bom-senso, se estipula que a equação que define um algo qualquer se chama “função de onda”: aquilo que provê uma descrição completa do sistema físico ao qual está associado. Esta função de onda tem componentes probabilísticos, de modo que a descrição mais exata de algo é no melhor dos casos uma possibilidade. Por exemplo, na física clássica é possível determinar a velocidade e a posição de uma partícula, enquanto na física quântica não. O fato de inserirmos um observador no sistema altera as características do próprio sistema; para colocar livremente: o observador causa um colapso na função de onda probabilística de modo que se observa apenas uma das formas possíveis.
Uma boa pergunta é: o que havia “realmente” antes de haver um observador que perturbasse o sistema?
Michio Kaku, perto do final de seu livro “Hiperespaço”, diz: “...com a teoria das dez dimensões (relacionada à teoria das cordas) o conceito de uma função de onda para o universo inteiro torna-se relevante... a própria função de onda cósmica, que descreve o universo inteiro, não vive em nenhum estado definido, sendo um compósito de todos os universos possíveis.”
Diz Brian Greene, em seu livro “O universo elegante”: “de acordo com a teoria das cordas o universo é composto por cordas minúsculas cujos padrões vibratórios são a origem das massas, cargas e forças das partículas; a teoria também requer dimensões adicionais (cujas formas) determinam estes padrões vibratórios”. 
Assim o que vemos nas dimensões habituais tem causa em outras dimensões não percebidas habitualmente.
Normalmente se associa a física quântica apenas a dimensões muito pequenas. No artigo da Scientific American de julho deste ano  “A vida em um mundo quântico” Vlatko Vedral comenta como efeitos quânticos tem sido observados em um crescente número de sistemas macroscópicos.
Por exemplo, um outro absurdo interessante da física quântica é o conceito de “emaranhamento quântico”, que basicamente estabelece que este liga partículas individuais a um todo indivisível: mesmo quando partículas emaranhadas estão (muito) distantes umas das outras elas ainda se comportam como uma entidade única. O emaranhamento interconecta sistemas quânticos sem referência a tempo ou espaço. Vlatko relata fenômenos de emaranhamento já em aglomerados de partículas, como sais.
E declara, ao final: “as implicações de objetos macroscópicos, como nós, existindo em um limbo quântico são tão alucinantes que nós, físicos, ainda estamos em um estado de emaranhamento de assombro e confusão”.
A questão é que a filosofia ocidental não acompanhou as imensas discussões que a física quântica colocou na vitrine. O Vedanta Advaita traz proposições  que embasam soluções elegantes para estes dilemas. Mais sobre o tema em nossos encontros semanais (e em breve no novo livro de Sesha sobre o assunto).


Abraços,
Marcos

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