A idéia por vezes subliminar de que os obstáculos a enfrentar assim como as causas de nossas dificuldades são eventos, circunstâncias e fatores externos a nós mesmos é uma grande ilusão em regime moto-contínuo.
De um modo muito simplista pode-se dizer que não existe uma “causa” externa para um problema que enfrentamos, a causa vem de uma raiz bastante mais ancestral, vêm de tendências de probabilidade acumuladas ao longo de muitos e muitos ciclos. Estas tendências são chamadas samskaras: são a concretização - no sentido causal – da produção infindável de desejos, intenções, hábitos repisados, ou seja, do karma. A partir da integração de todas estas tendências se produz a situação – individual e coletiva – de um novo ciclo. Segundo o Vedanta é esta situação que se concretiza a cada instante como o Presente (!!!) em nossas vidas. Ilusoriamente simples.
De novo: o Presente nada mais é que a expressão perfeita de seu caminho – ou Dharma! A não aceitação e participação integral no presente gera mais e mais tendências de probabilidade e assim a roda quase infinita de mortes e renascimentos permanece girando.
Conclusão: a única forma de (1) deixar de gerar novas tendências – karma, e (2) compreender, viver e percorrer seu Dharma, é viver no Presente.
Seria o equivalente a dizer que o Presente sempre é perfeito, em um tom mais emocional. Sob este ponto de vista fica evidente a ilusão de se colocar no ambiente, no mundo, na família, no vizinho, no marido, a “culpa” pelo que vivemos. É simplesmente falso. O obstáculo real nunca é externo. Ao final o único obstáculo real é a aceitação da plenitude no presente.
Cada instante do Presente representa a soma de infinitas correntes de probabilidade que se concretizam neste momento específico; na visão do indivíduo a trilha da soma destes instantes é a concretização das condições causadas por tendências anteriormente criadas; oculta em cada um dos passos desta trilha está a possibilidade de realização maior do indivíduo, seu Dharma. A chave: reagir com todos os seus sistemas disponíveis (mente, prana, corpo) apenas ao presente que se sucede a cada passo.
Boa sorte!
abraços
marcos
5 comentários:
Marcos,
Quando alguém rejeita algo que lhe é dado chamos esse ato de falta de educação.
Mas, com seu texto vejo que fazemos isso a todo momento. Infinitamente. Falta muito mais grave.
Grande batalha a ser conquistada passo a passo. Precisarei da boa sorte desejada.
Aceitar o presente. O obvio ganha ares de tarefa inalcançavel.
Vale o esforço, por esta, e por muitas vidas.
Obrigada.
Ligia
Marcos,
Tenho tido a felicidade de refletir sobre os textos publicados diretamente da minha mesa de trabalho e em momentos ao longo de um dia bastante tumultuados.
E esse texto traz uma reflexão interessante sobre como chegamos aonde estamos hoje e como todas as probabilidades e ações em que estive envolvida me fizeram chegar nesse ponto.
Fica uma marca muito forte do seguinte trecho:
"O único obstáculo real é a aceitação da plenitude no presente."
Obrigada,
Andréa
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Manu Namasivayam
Amigo,
Nossos encontros de 4a. tem sido cada vez mais especiais. Essa semana foi maravilhoso. Tudo vai fazendo sentido.
Então, me deparei com algo que gostaria de compartilhar.
A Lygia Fagundes Telles escreveu" Fui ao mar me confessar. E o que ele disse? Nada"
Frente ao chamado do presente temos opções. O vazio da fuga ou o imperativo do verbo. Escolho nadar.
Mas a batalha continua, tentando escutar o chamado do presente e não nadar sem rumo, sem precisão, sem começo ou fim. Nadar quando o presente diz: nada.
Dificil batalha.
Ligia
Obrigado pelos comentários, Ligia e Andrea. Especialmente porque tem a capacidade de instigar outros a buscar. Não fazemos idéia de como nossa própria experiência pessoal pode ser relevante para outros.
abraços
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