quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O Centro do Universo

Normalmente achamos que as coisas acontecem para a gente, expressamos isto ao dizer rotineiramente que não entendemos porque tal e tal coisa aconteceu para a gente.  Agora vejam que divertido seria encarar sob um outro ponto de vista: as coisas não acontecem para mim, elas acontecem simplesmente, eu faço parte desta galáxia de situações, campos e realidades que simultaneamente acontecem. Quanta auto-importância em considerar, mesmo que sutilmente, que as coisas acontecem para mim. Embutida nesta afirmação está uma nova teoria astronômica: no início imaginávamos que a terra era o centro do sistema solar, com o sol e os planetas girando ao seu redor; depois se descobriu que o sol era o centro do sistema solar, e mais tarde que o sistema solar fica perdido no canto de uma galáxia, e agora descobrimos algo incrível: eu sou o centro do universo! (precisaremos de mais ou menos 6 bilhões de universos)
Parece demais? Pois é justamente o que reafirmamos a cada instante de auto-piedade,  justificativas poderosas e razões absolutas sobre nossos atos, omissões, erros, acertos, etc. Neste latifúndio do “eu” que construímos com fervor, a cada vez anexando mais e mais porções de terra consciente por conta de usucapião da ausência de presença, nos deliciamos em cavalgar pelas imensas paragens admirando nossa obra de vida inteira: todo o rol de razões e explicações para nossos rumos tomados. Lá no fundo uma sombra quase imperceptível traz o eco da idéia de um julgamento, então precisamos ter muitas explicações razoáveis.
Todo este latifúndio assume uma capacidade de parecer concreto que se torna mais e mais poderosa conforme cavalgamos por ele, isto é,  conforme pensamos a partir da idéia do ‘eu’ que atua e merece. E nós adoramos apreciar nossa grande propriedade, basta observar o quanto ‘sonhamos acordados’.  Outro dia ouvi uma música que dizia algo como “sonhar não custa nada, sonhar acordado, etc.”. Sonhar acordado custa, e custa muito mais do que imaginamos. 
É nas terras deste latifúndio que tudo o que acontece parece acontecer para a gente. Atenção: é a certeza ignorante da justiça do merecimento que nos leva ao centro egoísta do universo. Em outras paragens isto não é verdadeiro. Quando nos apresentamos presentes ao instante que se sucede e reagimos a ele naturalmente não há necessidade do conceito de justiça ou merecimento. Atuamos em harmonia com tudo mais que ocorre, e neste alinhamento há a paz e a liberdade de não sermos o centro do universo, mas sim o universo todo no holograma da Consciência.
abraços
marcos

Um comentário:

Didi disse...

Santo soco no estômago, hein homem morcego?!